Juventus e Fiorentina empatam em 1 a 1 em partida marcada por gritos racistas contra Vlahović

Juventus e Fiorentina empatam em 1 a 1 em partida marcada por gritos racistas contra Vlahović

Em um sábado à tarde em Florença, o Juventus e o Fiorentina terminaram empatados em 1 a 1 — mas o que deveria ter sido apenas mais um jogo da Serie A Stadio Artemio Franchi virou um episódio vergonhoso. O gol de Filip Kostić aos 45+5 minutos, uma bomba de fora da área, foi apagado por um igualador de Rolando Mandragora logo no começo do segundo tempo. Mas o verdadeiro golpe não foi no placar: foi na alma do futebol. Durante a primeira etapa, torcedores da Fiorentina lançaram gritos racistas contra o atacante sérvio Dušan Vlahović, interrompendo o jogo por alguns minutos. O árbitro Doveri até marcou pênalti, mas depois revogou — um detalhe que só aumenta a confusão. O que aconteceu ali não foi um erro isolado. Foi um sintoma.

Um empate que pesa mais que uma derrota

A Juventus, de volta da pausa internacional, entrou em campo com a missão de recuperar terreno na tabela. Mas saiu com apenas um ponto — e a sensação de que perdeu mais do que o jogo. Com 20 pontos, o clube de Turim ocupa a sexta posição, à beira da zona de classificação para a Liga dos Campeões, mas com o Como (20 pontos) prestes a enfrentar o Torino nesta segunda-feira. Se o time da Lombardia vencer, a Juventus cai para o sétimo lugar. Isso não é só uma questão de posição: é uma ameaça à confiança de uma equipe que ainda não encontrou consistência. O técnico Luciano Spalletti não escondeu a frustração: "Foi previsível", disse ele, segundo o FotMob. "A gente teve chances, mas não foi criativo. E isso não é aceitável contra uma equipe que nunca venceu."

Na outra ponta, a Fiorentina segue como a "lanterna-vermelha" da Serie A. Com apenas seis pontos — seis empates e seis derrotas —, o time da Toscana é o único que ainda não venceu nesta temporada. O empate não muda sua realidade: está a 13 pontos da salvação. Mas o que pesa mais do que a classificação é a imagem. O clube, que já foi símbolo de elegância no futebol italiano, agora é lembrado por sua inércia e por incidentes como este.

O que aconteceu com Vlahović? Um momento que não pode ser ignorado

Quando Kostić marcou, o estádio explodiu — mas logo depois, os gritos começaram. Segundo relatos da ESPN UK e do Observador, torcedores da Fiorentina direcionaram insultos raciais a Vlahović, que tem origem sérvia e é um dos principais atacantes da Juventus. O árbitro interrompeu o jogo por cerca de dois minutos. Os jogadores da Juventus se reuniram em círculo, com Vlahović no centro. Alguns jogadores da Fiorentina também se uniram ao gesto de solidariedade. O silêncio que se seguiu foi mais alto que qualquer grito.

Isso não é novo. Em 2023, o mesmo Vlahović foi alvo de semelhantes abusos em Turim. Em 2024, o jogador italiano Niccolò Zanellato sofreu insultos racistas no jogo contra o Sassuolo. A Federação Italiana de Futebol (FIGC) já impôs multas e jogos à porta fechada — mas os casos continuam. Por quê? Porque a punição ainda é tímida. E porque o ódio, às vezes, é mais barato que a educação.

Outros resultados que moldam a corrida pelo título

Outros resultados que moldam a corrida pelo título

Enquanto Juventus e Fiorentina se cancelavam, outros jogos definiam o rumo da liga. O Napoli subiu ao topo ao vencer a Atalanta por 3 a 1, com David Neres marcando duas vezes e dando uma assistência. O Inter e o Roma ainda não jogaram sua 12ª rodada, mas já lideram com 24 pontos. O AC Milan e o Napoli estão empatados com 22. A Juventus, com 20, está perdendo terreno — e o calendário não ajuda. O próximo jogo é contra o Genoa, e depois vem o duelo direto com o Como. Não há margem para erros.

Na outra ponta da tabela, o Cagliari e o Genoa empataram em 3 a 3, em um jogo caótico. O português Vitinha, que atua pelo Genoa, marcou o primeiro gol. Já o Bologna manteve a terceira posição, derrotando a Udinese. O cenário está se fechando: os grandes estão se distanciando, e os que tentam se manter na luta estão se desgastando.

Os números que não mentem — e os que confundem

As estatísticas do jogo são contraditórias. O ZeroZero.pt afirma que a Fiorentina teve 7 chutes (1 no alvo) contra 5 da Juventus (3 no alvo). Mas o CNN Brasil diz que foram 16 chutes da Juventus, com 5 no alvo — quase o dobro. O que é certo? A Juventus dominou o jogo, mas não convertia. Mandragora, com um chute de longe, deixou o goleiro Di Gregorio "lascou immobile" — parado, sem reação. Já o goleiro da Fiorentina, De Gea (provavelmente um erro de identificação — o verdadeiro goleiro é Emiliano Viviano), fez uma defesa crucial aos 80 minutos. A Juventus teve mais posse, mais chutes, mais chances — mas não teve eficiência. E isso é o que mais dói.

O que vem a seguir? O futebol precisa escolher

O que vem a seguir? O futebol precisa escolher

A FIGC já anunciou que vai investigar o incidente racista. Mas investigar não é suficiente. O que falta é punição exemplar. O que falta é um discurso claro da liga: não vamos tolerar isso. Não mais. O futebol italiano tem uma dívida histórica com a diversidade. E essa dívida não pode ser paga só com cartões amarelos ou multas simbólicas. É preciso que a Fiorentina seja obrigada a jogar dois jogos à porta fechada. É preciso que os responsáveis sejam identificados e banidos. É preciso que os jogadores da Juventus — e de todos os clubes — se sintam protegidos.

Enquanto isso, a Juventus segue em busca de um título que parece cada vez mais distante. E a Fiorentina? Continua afundando — não só na tabela, mas na moral. O futebol não é só gols e táticas. É também humanidade. E em Florença, naquele sábado, a humanidade falhou.

Frequently Asked Questions

O que aconteceu com Dusan Vlahović durante o jogo?

Durante a primeira etapa, torcedores da Fiorentina realizaram gritos racistas direcionados a Dusan Vlahović, atacante sérvio da Juventus. O árbitro interrompeu o jogo por cerca de dois minutos, e os jogadores de ambos os times se uniram em um gesto de solidariedade. A FIGC confirmou que abrirá investigação formal, mas ainda não anunciou punições. Esse é o terceiro caso grave de racismo contra Vlahović na Serie A nos últimos dois anos.

Por que o pênalti foi revogado?

O árbitro Doveri inicialmente marcou pênalti contra a Fiorentina por uma suposta falta na área, mas após revisão pelo VAR, decidiu revogar a decisão, alegando que não houve contato claro. O Observador e o RTP confirmaram a revogação, mas não explicaram detalhes técnicos. Essa decisão gerou polêmica entre torcedores e analistas, já que a Juventus tinha mais chances claras de gol no primeiro tempo.

Como a Fiorentina ainda não foi rebaixada?

A Fiorentina está em 19º lugar com apenas 6 pontos, mas ainda não foi rebaixada porque a Serie A tem 20 times, e o 18º colocado — o Genoa — também tem apenas 6 pontos. A diferença está no saldo de gols: Genoa tem -13, enquanto Fiorentina tem -15. A luta contra o rebaixamento é entre esses dois times, e o próximo jogo da Fiorentina é contra o Cagliari, que também está na zona de risco.

Quem é o verdadeiro goleiro da Fiorentina? Por que o relato menciona De Gea?

O goleiro da Fiorentina é Emiliano Viviano, não David de Gea. O nome "De Gea" provavelmente foi um erro de transcrição por fontes de mídia não especializadas, já que o espanhol David de Gea joga no Manchester United. Viviano, de 36 anos, é um veterano que atua pela Fiorentina desde 2023. Ele fez uma defesa importante aos 80 minutos, mas o erro de identificação mostra como a desinformação pode se espalhar rapidamente.

Qual é o impacto desse empate na corrida pelo título da Juventus?

A Juventus perdeu a chance de reduzir a diferença para os líderes — Inter e Roma, com 24 pontos. Agora, está a 4 pontos atrás, e com o Napoli e o Milan também em 22, o caminho para o título fica mais estreito. Se o Como vencer o Torino na próxima segunda, a Juventus cai para o sétimo lugar. Com apenas quatro jogos restantes até o final do ano, o time precisa vencer quase todos os confrontos diretos — e corrigir erros de finalização e disciplina.

O que a Liga Italiana pode fazer para acabar com o racismo no futebol?

Além de multas e jogos à porta fechada, a FIGC precisa implementar punições coletivas: banimento de torcedores identificados, multas financeiras maiores, e programas educacionais obrigatórios para clubes. A Espanha e a Inglaterra já adotam sistemas de monitoramento de torcida com câmeras e IA. A Itália precisa seguir esse caminho — não só por justiça, mas porque o futebol não pode ser mais um espaço onde o ódio se esconde atrás de bandeiras.

1 Comentários

  • Image placeholder

    yara alnatur

    novembro 24, 2025 AT 03:13

    Isso aqui é o futebol italiano de novo: glamour na fachada, veneno no porão. Vlahović tá sendo atacado não por ser jogador, mas por ser diferente. E aí? O que a Fiorentina faz? Multa simbólica, desculpa de 'torcedores isolados'. Mas ninguém é isolado quando o ódio é sistêmico. A liga tá dormindo, e os torcedores estão acordados - e armados.

    Isso não é só sobre futebol. É sobre quem tem permissão pra existir nesse esporte. E a resposta tá clara: não é quem tem pele escura, sotaque estranho ou origem que não encaixa no 'ideal italiano'.

    Se a FIGC não agir com força, o próximo a ser alvo pode ser um jogador brasileiro, africano, árabe... e aí a gente vai falar de 'cultura local' de novo. Não. É racismo. Ponto final.

Escreva um comentário