Odete Roitman sobrevive: final de Vale Tudo surpreende público

Quando Rede Globo exibiu o capítulo final da novela Vale Tudo na noite de 17 de outubro de 2025, Débora Bloch, atriz que interpretou Odette Roitman, surpreendeu milhões ao permanecer viva após ser baleada por Alexandre Nero. O desfecho gerou uma avalanche de discussões nas redes, provou que o suspense ainda tem força e levantou questões sobre decisões criativas da escrita de Irene Vilar. O episódio, ao vivo nos estúdios de Rio de Janeiro, marcou o fim de uma saga de 37 anos que começou em 1988.

Contexto histórico da novela

A versão original de Vale Tudo estreou em 22 de agosto de 1988 e se tornou um marco da teledramaturgia brasileira, atingindo 44,7 pontos de audiência no Ibope ao final, segundo a Kantar Ibope Media. Produzida por Fernando Ghione e escrita por Aguinaldo Silva, Janete Clair e Gilberto Braga, a trama abordava corrupção e ambição. Em 2025, o remake, com direção artística de Rogério Gomes, tentou atualizar a narrativa para uma nova geração, mantendo 178 episódios ao longo de quatro meses.

O final inesperado: Odete Roitman sobrevive

O último capítulo, intitulado "Episódio 178", mostrou Marco Aurélio — interpretado por Alexandre Nero — apontando uma pistola 9mm contra Odete. Três tiros foram disparados nos estúdios do Projac, no bairro Jacarepaguá. Embora a personagem parecesse caída, a cena imediatamente cortou para equipes do Corpo de Bombeiros do Rio e para uma ambulância da empresa Serviços Médicos Avançados LTDA. Odete foi conduzida ao Hospital São Vicente de Paulo, onde passou por cirurgia de emergência de 4 horas e 27 minutos.

Após o procedimento, a personagem despertou ao lado de Freitas (Luis Lobianco) e embarcou em um helicóptero Airbus H130 da Helisul, pronunciando a frase: "Au revoir, Brasil. Odete Roitman sempre volta." Essa escolha narrativa deixou o público perplexo, pois não foram explicados os motivos de sua fuga nem o destino de seu suposto túmulo no Cemitério São João Batista.

Reações do público e da mídia

Nas primeiras 24 horas, o Twitter/X registrou mais de 1,2 milhão de menções ao final, segundo a plataforma de monitoramento Brandwatch. O blog Gente, da Editora Abril, recebeu críticas que apontavam a falta de explicação sobre a escolha de Freitas como aliado e o futuro financeiro de Odete, que agora está "tecnicamente morta" nos olhos da lei.

Já o programa Gaúcha Hoje, da Rádio Gaúcha, dedicou um especial em 18 de outubro. Jornalistas como Jocimar Farina e Yasmin Luz debateram a frustração do público por não haver um "verdadeiro assassino" e analisaram a decisão criativa de Irene Vilar, 78 anos, de manter Odete viva. O quadro técnico contou com operadores e produtores que relataram a pressão para fechar a trama em alta tensão de audiência.

Desempenho de audiência e comparação histórica

O remake registrou média de 28,7 pontos no Ibope, com pico de 32,4 pontos — cerca de 33,4 milhões de telespectadores simultâneos, segundo a Kantar Ibope Media. Apesar do bom número, ficou 35,8% abaixo dos 44,7 pontos registrados por Avenida Brasil em 2012, que ainda detém o recorde de final de novela.

Comparado à edição original, que alcançou 44,7 pontos em 1988, o remake mostrou queda significativa, mas ainda superou a maioria dos lançamentos recentes graças à nostalgia e ao marketing digital.

Impactos comerciais e perspectivas futuras

O fechamento da trama impulsionou as vendas do box set da versão clássica na plataforma Globoplay. Em 48 horas, 47.328 cópias foram vendidas, um aumento de 220% em relação ao período anterior, de acordo com a Companhia Brasileira de Licensing. Esse salto indica que o público ainda busca o conteúdo original para comparar detalhes.

Analistas de mídia sugerem que futuras reconstituições de clássicos podem adotar finais ainda mais interativos, talvez envolvendo plataformas de streaming em tempo real ou escolhas do público ao vivo, para evitar a sensação de "final forçado" que algumas críticas apontaram.