Quando Serviço Geológico Colombiano (SGC) divulgou o boletim às 15:29 do dia 10 de outubro de 2025, o mundo soube que um terremoto de magnitude 7,8 atingiu a Passagem de Drake às 15h30 (horário local). O sismo, de profundidade rasa, ocorreu em uma zona marítima isolada entre a América do Sul e a Antártida, deixando autoridades de Chile e Argentina em alerta máximo por risco de tsunami.
Contexto geológico da Passagem de Drake
A Passagem de Drake, também chamada de Mar de Hoces, marca a fronteira entre as placas tectônicas Sul‑Americana e Antártica. Essa junção gera tensões enormes, capazes de liberar energia sísmica equivalente a dezenas de bombas atômicas. Diferente do chamado Anel de Fogo do Pacífico, a região ainda não recebe tanta atenção da mídia, mas seu histórico mostra que eventos de magnitude superior a 7,0 são mais a regra que a exceção.
Detalhes do terremoto de 10 de outubro
O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) registrou magnitude 7,6, ligeiramente menor que o número divulgado pelo SGC, mas ambos concordam quanto ao epicentro: cerca de 300 km a sudoeste da ilha Decepción, em águas internacionais. A profundidade foi estimada em 15 km, o que favorece a geração de ondas sísmicas fortes na superfície.
- Data e hora local: 10/10/2025, 15h30.
- Magnitude: 7,8 (SGC) / 7,6 (USGS).
- Profundidade: 15 km.
- Epicentro: 55°S, 68°W, próximo à Ilha Decepción.
- Possível tsunami: alerta emitido, mas sem ondas confirmadas até o momento.
O sismo foi sentido em estações de monitoramento da rede sísmica internacional, embora nenhum equipamento em terra tenha registrado intensidades superiores a III na escala Modified Mercalli, devido à grande distância das áreas habitadas.
Reações das autoridades e risco de tsunami
Imediatamente após o evento, o SGC lançou um aviso de tsunami para toda a costa do sul da América do Sul. O Chile ativou o Sistema Nacional de Alerta de Tsunamis (SNAT) em Punta Arenas, enquanto a Argentina fez o mesmo em Ushuaia. Até o fechamento deste boletim, nenhum alerta de tsunami de nível amarelo ou vermelho havia sido emitido, mas as autoridades mantêm as sirenes prontas.
Segundo o sismólogo chileno Dr. Alejandro Torres, “a magnitude e a profundidade desse sismo aumentam a probabilidade de geração de ondas de até 0,5 metro ao longo da costa patagônica, o que pode causar danos menores a pescarias locais”.
Impactos potenciais nas comunidades costeiras
Embora o epicentro tenha ficado a centenas de quilômetros da terra firme, as cidades mais expostas – Punta Arenas (Chile) e Ushuaia (Argentina) – contam com infraestrutura de alerta que reduz bastante o risco de perdas humanas. O porto de Punta Arenas, porém, temporariamente suspendeu operações de carga, temendo danos nas docas se ondas maiores surgirem.
Para os pescadores da região, a preocupação maior está na possibilidade de alterações nas correntes oceânicas. A Corrente Circumpolar Antártica, que atravessa a Passagem, pode ser perturbada, afetando rotas de navegação e, a longo prazo, a produtividade das pescarias.

Histórico sísmico de 2025 na Passagem de Drake
Este é o terceiro grande terremoto registrado na passagem neste ano. Em maio, um sismo de magnitude 7,4 abalou a mesma região, seguido por outro de 7,5 em agosto. Esse padrão indica que a zona está atravessando um ciclo de liberação de energia acumulada nas placas. Estudos recentes do SGC sugerem que esses eventos podem estar ligados a um “acoplamento” maior entre as placas, que costuma ocorrer a cada 10‑15 anos.
Perspectivas e próximas monitorizações
Os geofísicos recomendam vigilância contínua nos próximos 30 dias, período em que a probabilidade de réplicas após um evento de magnitude >7,5 costuma ser elevada. O SGC e o USGS planejam lançar um relatório conjunto nas próximas semanas, analisando os dados de sismógrafos submarinos que ainda não foram totalmente processados.
Enquanto isso, a comunidade científica internacional utiliza o terremoto como um laboratório natural para entender melhor a dinâmica das placas Sul‑Americana e Antártica, algo que pode melhorar modelos preditivos de tsunami em todo o hemisfério sul.
Perguntas Frequentes
Qual o risco de tsunami para o Chile após o terremoto?
O risco permanece moderado. Até agora, não foram detectadas ondas de grande amplitude, mas as autoridades mantêm o alerta nível amarelo e monitoram as plataformas de medição oceânicas a cada hora.
Como a passagem de Drake influencia as correntes marítimas?
A Corrente Circumpolar Antártica atravessa o estreito, funcionando como uma barreira térmica que impede águas mais quentes do norte de alcançar a Antártida. Alterações sísmicas podem temporariamente desviar essa corrente, afetando padrões climáticos regionais.
Por que a Passagem de Drake não faz parte do Anel de Fogo?
O Anel de Fogo se concentra na margem do Pacífico, onde placas oceânicas colidem com placas continentais. A Passagem de Drake está situada na fronteira entre duas placas continentais (Sul‑Americana e Antártica), gerando um regime sísmico distinto, embora ainda bastante ativo.
Qual a importância desse terremoto para a pesquisa geológica?
Ele oferece dados valiosos sobre como as placas Sul‑Americana e Antártica interagem. Os sismógrafos marítimos captaram ondas sísmicas que ainda não foram analisadas, o que pode melhorar modelos de previsão de grandes terremotos e tsunamis nessa região.
Quem reportou inicialmente a notícia?
Daniel Armando Méndez Suárez, pasante da seção Mundo da revista Semana, foi o primeiro jornalista a divulgar o boletim do SGC nas redes sociais.
Bárbara Dias
outubro 12, 2025 AT 04:19Um sismo de magnitude 7,8, não deveria passar despercebido; a ciência já nos alerta sobre esses fenômenos.