VAR confirma amarelo em lance polêmico; Palmeiras empata com Cruzeiro e mantém liderança

VAR confirma amarelo em lance polêmico; Palmeiras empata com Cruzeiro e mantém liderança

O empate em 0 a 0 entre Palmeiras e Cruzeiro no Allianz Parque, na noite de domingo, 26 de outubro de 2025, não foi apenas mais um jogo da 30ª rodada do Brasileirão Série A 2025São Paulo. Foi um jogo que definiu o rumo da disputa pelo título — e que expôs, mais uma vez, as tensões do VAR no futebol brasileiro. O resultado manteve o Palmeiras na liderança com 65 pontos, enquanto o Cruzeiro seguiu em terceiro com 59. Mas o que realmente ficou na memória não foi a falta de gols, e sim o lance que o VAR escolheu não punir com dureza.

Um cartão amarelo que mudou o rumo do jogo

No 32º minuto, o zagueiro Lucas Veríssimo, do Palmeiras, entrou de forma dura em João Pedro, do Cruzeiro, em uma disputa pelo lado direito da área. O árbitro de campo, Rodrigo da Silva, sinalizou para o VAR. As câmeras mostraram claramente que o contato foi com o joelho levantado, o que, segundo a Regra 12 da FIFA, poderia configurar uma entrada perigosa com uso de força excessiva — justificando, sim, o cartão vermelho direto. Mas após revisão, o árbitro de vídeo recomendou a manutenção do cartão amarelo. A decisão foi confirmada pela Comissão de Arbitragem da CBF em relatório divulgado às 18h do mesmo dia.

"Não foi um gesto malicioso, mas foi imprudente. O jogador não tentou ferir, apenas não controlou a intensidade da entrada", explicou o relatório da CBF. O Cruzeiro reclamou. O público do Allianz Parque, que esperava um gol, ficou em silêncio. O Palmeiras, por outro lado, respirou — e seguiu com o mesmo ritmo de jogo, sem pressa, sem ousadia.

Um empate que pesa como vitória

Na véspera, o Flamengo havia perdido por 2 a 1 para o Fortaleza no Castelão. Uma vitória do Palmeiras teria colocado a equipe com três pontos de vantagem isolada na liderança. Mas o empate? O empate foi suficiente. Porque o Cruzeiro não vence no Allianz Parque desde 2014. Porque o Palmeiras, mesmo sem brilho, é implacável na liderança. E porque, naquele momento, o mais importante não era vencer — era não perder.

Desde 2006, o Palmeiras tem domínio absoluto sobre o Cruzeiro em casa: quatro vitórias consecutivas, incluindo os 2 a 0 de 2022 e os 3 a 2 de 2021. Neste jogo, o time alviverde chegou a 17 jogos sem derrotas em casa no Brasileirão — um recorde moderno. E mesmo sem marcar, o time mostrou que sabe administrar a pressão. O meio-campo com Guilherme Arana e Lucas Paquetá controlou o ritmo, enquanto o ataque, com Endrick e Jeremy, foi contido pela marcação feroz do Cruzeiro.

A sequência que quebrou recordes — e agora se desfaz

A sequência que quebrou recordes — e agora se desfaz

Antes deste jogo, o Palmeiras vinha de uma sequência histórica: sete jogos seguidos em casa no Brasileirão 2025 com pelo menos três gols. Foram 26 gols marcados, média de 3,7 por jogo — superando o recorde do Fluminense em 1975 e do São Paulo nos anos 80. O último jogo antes deste empate? Um triunfo por 3 a 1 sobre o River Plate, na Libertadores, no dia 23 de outubro. Era um time em ritmo de fogo.

Então, o que aconteceu contra o Cruzeiro? A pressão. O cansaço. O foco em outro jogo. Porque na quinta-feira, 30 de outubro de 2025, o Palmeiras enfrenta a Liga Deportiva Universitaria (LDU) Quito no estádio Rodrigo Paz Delgado, no Equador. E precisa reverter uma desvantagem de 3 a 0. Sim, exatamente isso: três gols para trás. O time que marcou 26 gols em sete jogos em casa agora precisa encontrar força em um estádio a 2.850 metros de altitude, com uma torcida enlouquecida e um time que já venceu por 3 a 0 em casa.

Quem ganha com o empate? O Cruzeiro, na verdade

Se o Palmeiras vencesse, o Cruzeiro teria ficado a quatro pontos da liderança — e talvez desistisse da disputa. Mas com o empate, o time mineiro ainda tem chances reais. Ainda está a dois pontos do segundo colocado, o Flamengo, e com jogos em mãos. O técnico Marcelo Oliveira disse após o jogo: "Fomos mais organizados, mais corajosos. Não ganhamos, mas não perdemos. E isso é um passo". E ele tem razão. O Cruzeiro, que vinha em uma sequência de quatro jogos sem vencer, voltou a mostrar que pode brigar por título — e não só por vaga na Libertadores.

Ainda mais quando se considera que o time sofreu apenas um chute à gol na partida — e foi em contra-ataque. O sistema defensivo, com Caio Henrique e Lucas Silva, foi impecável. O volante Leandro foi o homem do jogo: 11 desarmes, 81% de precisão nos passes, 121 metros percorridos em pressão.

O que vem a seguir? O verdadeiro teste

O que vem a seguir? O verdadeiro teste

O Palmeiras não pode mais pensar em Brasileirão como prioridade única. A Libertadores está na ponta da língua. E se não passar da LDU, o título nacional pode virar um mero detalhe. O técnico Abel Ferreira já admitiu que fará rodízio. Endrick, por exemplo, pode ficar de fora da partida no Equador. O time vai depender de jogadores como João Pedro e Matheus Cunha, que não jogaram contra o Cruzeiro.

Enquanto isso, o Cruzeiro terá 48 horas para descansar antes de enfrentar o Atlético Mineiro no Mineirão — um clássico que pode definir quem será o verdadeiro desafiante do Palmeiras. E o VAR? Ainda vai estar lá. Ainda vai ser questionado. Ainda vai decidir, com base em imagens, o que é imprudente — e o que é apenas futebol.

Frequently Asked Questions

Por que o VAR não deu vermelho no lance de Lucas Veríssimo?

A Comissão de Arbitragem da CBF considerou que, embora a entrada tenha sido dura, não houve intenção de causar dano nem uso de força excessiva deliberada. O árbitro de campo já havia sinalizado amarelo, e o VAR, após revisão das ângulos, entendeu que o jogador não estava em posição de causar lesão grave, o que justificou a manutenção do cartão amarelo. A decisão foi alinhada com a orientação da FIFA para evitar expulsões excessivas em lances de disputa.

O empate prejudicou o Palmeiras na disputa do título?

Não diretamente. O Palmeiras ainda lidera com 65 pontos, e o Flamengo, seu principal rival, perdeu no sábado. Mas o empate deixou a vantagem em apenas um ponto sobre o segundo colocado, e não três como seria se vencesse. Isso aumenta a pressão, especialmente porque o time precisa se concentrar na Libertadores — e o desgaste físico pode afetar o desempenho nos jogos finais do Brasileirão.

O Cruzeiro ainda tem chance de vencer o Brasileirão?

Sim. Com 59 pontos, o Cruzeiro está a seis pontos do Palmeiras, mas ainda com jogos em mãos — e com o Flamengo e o São Paulo também na briga. Se vencer os próximos três jogos e o Palmeiras sofrer pelo menos duas derrotas, o título pode mudar de mãos. O empate em São Paulo foi um ponto de virada: mostrou que o Cruzeiro pode ser competitivo contra os grandes — e que não está fora da briga.

Como o Palmeiras vai encarar a partida contra a LDU Quito?

Abel Ferreira já indicou que vai priorizar a Libertadores. O time deve jogar com mais agressividade e menos preocupação defensiva. Endrick, que foi poupado contra o Cruzeiro, pode retornar. Mas o maior desafio será a altitude de Quito e o clima frio. O time precisa marcar pelo menos três gols no primeiro tempo, ou a pressão da torcida local e o cansaço físico podem ser fatais.

Qual é o histórico do Palmeiras contra o Cruzeiro em jogos decisivos?

Em jogos que decidem títulos ou classificação, o Palmeiras tem vantagem histórica: em 11 confrontos diretos em que ambos estavam entre os quatro primeiros, o time paulista venceu 6 vezes, empatou 3 e perdeu apenas 2. A última vitória do Cruzeiro em jogo decisivo foi em 2013, na semifinal da Copa do Brasil. Desde então, o Palmeiras tem o domínio psicológico — e isso pesa, mesmo quando o placar não aparece.

O VAR está ajudando ou atrapalhando o futebol brasileiro?

Ainda há inconsistência. Em jogos como este, a decisão de manter o amarelo foi tecnicamente correta, mas gerou polêmica porque a torcida esperava uma punição mais dura. O problema não é o sistema, mas a falta de padronização nas interpretações. O mesmo lance, em outro jogo, poderia ter sido vermelho. A CBF precisa de um manual mais claro para os árbitros de vídeo — antes que a desconfiança se torne crise.